domingo, 28 de dezembro de 2008

De mim

.
Eu morro como se morrem as folhas de agosto,
sob o teu lânguido ganido. Sopro funesto
de infâmia e dó
Tira-me do ramo e suga-me a seiva
em água e sal. Fica o pó.

Eu morro sob a desgraça do outono
Passiva aos teus passos,
Num vai-e-vem - eu presa ao chão.
E assim, eis-me ainda mudo,
A pena de morte é ser carvão.

Eu morro, e sei que o faço
Entorpeço-me lascivo
em teus beijos de horror.
Eu morro, e a morte me é companhia,
desde que morto foi o amor.