domingo, 30 de novembro de 2008

De mim

Toca-me a água como fosse sua
o corpo que eu espero como fosse meu
Molha-me a alma e me torna líquida
e líquida,
não sou menos que seu.

Espero,
como se a chuva fosse o último beijo,
Imerso num infindo desejo,
Toca-me o rosto já marcado, dos olhos aos lábios
em água e sal.

Desejo,
que não se apague em sóis esse último pranto.
O amor, que nunca lhe coube,
é tanto..
Que não esteja perdido
quando eu acordar.

Karol :))

De Hilda

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse


Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

...Dez chamamentos de amigo - Hilda Hilst...