sexta-feira, 29 de junho de 2007

... Essência ...


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É nessa suspeição infinda que me defino à imagem que me olha.
É fiel aquilo que vejo? Serei a essência de teus fortuitos desejos?
Ou somente me engana este espelho que tão manso me devora.
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Imagem: Auto-retrato; Johannes Gumpp, 1646.
... Essência ...
do Lat. essentia

aquilo que constitui a natureza de uma coisa;
o ser;
substância;
ideia principal;
líquido volátil;
substância oleosa e aromática extraída de certos vegetais;
perfume.


[ Que decepção quando nos confrontamos com a essência de alguns homens...

quarta-feira, 27 de junho de 2007

... Dueto ...

Violoncelo - Netlabel Merzbau


... DUETO ...

Um fechar de olhos, o toque do lençol no rosto
deslocam o corpo do eixo em que se segura
há uma coreografia nos movimentos, um dueto ou
a imagem inicial de duas cordas do mesmo violoncelo
em vibração concertada. Os músculos jogam em coreografia
as sensações unificam-se e os sentimentos resultam felizes.

José Maria de Aguiar Carreiro

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Todas as cartas de amor são ridículas.

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículos.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos (21-10-1935)

terça-feira, 26 de junho de 2007

... não posso adiar ...

“Le Baiser de l'Hotel de Ville”, Paris, 1950, Robert Doisneau




... Não posso adiar o amor para outro século ...
António Ramos Rosa.

Não posso adiar o amor para outro século
não posso

ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore.
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação.

Não posso adiar o coração.



sexta-feira, 22 de junho de 2007

..Um brinde::Combate ou apoio (?!?)..


À trindade: uma noite - um bar - cinco amigas.
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22 de junho - dia do MalFeito
=)

sábado, 16 de junho de 2007

..MEDO..

Não espere de mim
um sorriso a todo instante.
Não tenho o que oferecer,
além das palavras mudas
que meus lábios de ferro hospedam.
O medo inóspito dentro do coração.
O medo, meu Deus, quanto medo!
Do resfolegar do vento nas folhas
do ladrar medroso dos cães
nas ruas escuras.
O medo de desarmar‑me das palavras
que machucam e ferem
como braços de sombras empunhando
espadas e coronhas cavalgando
em meus olhos medrosos
fixos, em algum lugar do céu.


Francis de Oliveira

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Oh Deus! Salva-me destes infames demônios do passado que, a fogo e brasa, enegrecem minha pele alva e funebriam meus sonhos.

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sexta-feira, 8 de junho de 2007

Meu jardim de desgostos


Cipreste com duas figuras - Vincent Van Gogh


Me plantaram sementes de ciprestes,

..........................................................que eu cultivei como se fossem flores.


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Hoje, enfim, terminei a leitura de "O caçador de pipas", de Khalled Hosseini. Livro magnífico, com história dessas que avivam a mente à medida que se condensam em lágrimas, tingindo de prata o travesseiro com o passar de páginas.