terça-feira, 24 de novembro de 2009

De Hilda

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

..Do Desejo - Hilda Hilst...

sábado, 21 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

De mim

Poesia encarcerada.
do limbo. de Hades
do cometa sul.
do fundo do copo. do fluido.
do centro do Mundo.
de dentro de um.

Poesia, a voz dos que morrem
dos pós. dos sós.
dos nós - os meus.
Lâmina do gozo encistado
do último seio
Drenai-me o que é breu.