Despi-me esta noite
Demônios de névoa,
relento.
De ti
de mim,
despi-me,
sem tu'água, sou vento.
Despi-me a pele
dissecada em retalhos
o sal, o sangue, o gozo
Teus-meus pedaços
E nua
Pandora no peito
despi-me os vasos
vazios de mim .
Despi-me
E, porque esta noite,
o amanhã tornou-se fim.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
De Hilda
Eu era parte da noite e caminhava
Adusta e austera
Sem luz e aventurança.
Tu eras praia e dia
Um fogo branco
O rosto da montanha sobre a terra
E juntamos a treva
Ao mar de meio-dia.
Cristas aguadas, pontas
Trilhas fosforescentes
Na vastidão das sombras
Mas por um instante apenas.
Porisso é que caminho como antes
Adulta e austera.
Acrescida de véus me mostro aos viajantes:
Vês a mulher, aquela?
Dizem que é cara de caliça e pedra.
Que a luz das ilusões passou por ela.
...Hilda Hilst...
Adusta e austera
Sem luz e aventurança.
Tu eras praia e dia
Um fogo branco
O rosto da montanha sobre a terra
E juntamos a treva
Ao mar de meio-dia.
Cristas aguadas, pontas
Trilhas fosforescentes
Na vastidão das sombras
Mas por um instante apenas.
Porisso é que caminho como antes
Adulta e austera.
Acrescida de véus me mostro aos viajantes:
Vês a mulher, aquela?
Dizem que é cara de caliça e pedra.
Que a luz das ilusões passou por ela.
...Hilda Hilst...
domingo, 28 de dezembro de 2008
De mim
.
Eu morro como se morrem as folhas de agosto,
sob o teu lânguido ganido. Sopro funesto
de infâmia e dó
Tira-me do ramo e suga-me a seiva
em água e sal. Fica o pó.
Eu morro sob a desgraça do outono
Passiva aos teus passos,
Num vai-e-vem - eu presa ao chão.
E assim, eis-me ainda mudo,
A pena de morte é ser carvão.
Eu morro, e sei que o faço
Entorpeço-me lascivo
em teus beijos de horror.
Eu morro, e a morte me é companhia,
desde que morto foi o amor.
Eu morro como se morrem as folhas de agosto,
sob o teu lânguido ganido. Sopro funesto
de infâmia e dó
Tira-me do ramo e suga-me a seiva
em água e sal. Fica o pó.
Eu morro sob a desgraça do outono
Passiva aos teus passos,
Num vai-e-vem - eu presa ao chão.
E assim, eis-me ainda mudo,
A pena de morte é ser carvão.
Eu morro, e sei que o faço
Entorpeço-me lascivo
em teus beijos de horror.
Eu morro, e a morte me é companhia,
desde que morto foi o amor.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
De mim
Reconheço-te os olhos em fenda,
Zombas do meu peito, ferido em cisalhas
Ele já não bate, é morto
e foi outro
que o jogou fora, com uma carta de amor.
Vens, que eu te guardei as sobras,
o copo vazio, a carapaça.
Vens e brindas comigo, do líquido ímpio,
que me arde da garganta às veias
e me toma o corpo,
no vazio do peito.
Embriago-me, à tua chegada
Sei que vens preparada,
às noites que se seguirão.
Vens, e toma-me em teus braços
Abocanha-me os vasos,
e não me deixa acordar.
...O copo vazio, a carapaça...
Karol :((
Zombas do meu peito, ferido em cisalhas
Ele já não bate, é morto
e foi outro
que o jogou fora, com uma carta de amor.
Vens, que eu te guardei as sobras,
o copo vazio, a carapaça.
Vens e brindas comigo, do líquido ímpio,
que me arde da garganta às veias
e me toma o corpo,
no vazio do peito.
Embriago-me, à tua chegada
Sei que vens preparada,
às noites que se seguirão.
Vens, e toma-me em teus braços
Abocanha-me os vasos,
e não me deixa acordar.
...O copo vazio, a carapaça...
Karol :((
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
De mim

Como a víbora que percorre o seu caminho,
deixando um rastro de fogo em tudo o que toca,
e abrasa-me,
o corpo que já sabe ser seu.
Cega-me
Quando fita-me os olhos
como quem sabe o que lhe espera.
e é minha volúpia quem desperta
e lhe entrega
a alma que já sabe ser sua.
Toma-me
Como quem retém todo o direito,
e numa passividade sem efeito,
abocanha-me corpo e alma
e profana-me,
imersa num êxtase que agora é meu.
Karol :)))
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